HYUNDAI HB20 E A EVOLUÇÃO CARA DEMAIS


Pela primeira vez em 30 anos, temos uma novidade no mercado automobilístico brasileiro, capaz de chacoalhar toda uma categoria. Com o lançamento do HB20, e até um pouco antes, todos os seus concorrentes ganharam novas versões, equipamentos de série, e suas respectivas montadoras correram para melhorar seus produtos. Algumas até reduziram o preço de seus carros. Nunca, na história automobilística brasileira, um lançamento fez tanto estardalhaço quanto a Hyundai e seu HB20.

A Fiat até já tinha tentado fazer o mesmo, quando lançou o Uno nos anos 80, ou até mesmo o Palio nos anos 90. Mas não foi nem a metade do que o HB20 provocou. A grande diferença é que, segundo o próprio designer responsável por desenhar o pequeno da Hyundai, o HB20 não veio para competir, e sim, para dominar o mercado. Este é o pensamento de um time que quer vencer, e não terminar o campeonato bem posicionado.

Com essa intenção, o HB20 veio para se tornar uma nova referência no mercado de “populares”, e conseguiu. Só que ele está causando uma reação preocupante. Há um conflito de categorias na cabeça dos brasileiros. Muitas pessoas, acostumadas com tanta simplicidade dos carros “nacionais”, estão cegamente encantadas com o HB20 e acham que ele pertence a um seguimento superior aos concorrentes. Alguns acham barato pagar quase 50 mil num. Talvez a maior prova disso seja os mais de 3.400 HB20 financiados só na primeira quinzena de novembro.

Apesar disso, os benefícios com a chegada do pequenino da coreana prevalecem. Até há pouco tempo, o Gol 1.6 básico não possuía nem conta-giros. Era preciso escolher um dos caríssimos pacotes Trend, ou iTrend para que o Gol pudesse ter o item. O Fiesta sempre teve um dos melhores acabamentos da categoria, mas é um carro duro, pesado e sem fôlego. Agora a Ford corre atrás de um substituto que atenda as exigências atuais. O Palio sempre foi o mais frágil. A Fiat tentou inovar com motores que não pegaram, aliás, pegaram, mas pegaram fogo. O Corsa era caro demais e carecia de esportividade, tecnologia e inovação. Era um dos carros mais sem graça do mercado. Foi preciso a Hyundai lançar o HB20 para as “quatro grandes” levarem o consumidor brasileiro a sério.

Mas até o HB20 tem seus problemas, suas limitações. Os problemas relacionados à rede de concessionárias, manutenção e peças de reposição logo deverão ser extintos. A Hyundai trabalha dia e noite para isso. Mas um dos maiores problemas do HB20 são as versões mais refinadas, justamente as que mais compensariam. Os preços passam dos 40 mil reais. O HB20 é um compacto “popular”, não um compacto Premium. É de uma imbecilidade infinita alguém pagar cerca de 50 mil para ter um Gol completo. Pior ainda é fazer isso com um HB20.

Se o HB20 é um carro excelente ou pelo menos melhor que os concorrentes, só o tempo dirá. Beleza não é sinônimo de qualidade. Inovação também não. Preço, talvez, mas o HB20 ainda é caro, caro demais, assim como seus concorrentes Palio, Gol, Onix e etc. Que o HB20 foi uma excelente adição ao mercado de “populares”, isso é indiscutível. E que venha mais, o sedã, picape, perua e o “escambau a quatro”. Mas que venham com um preço justo, porque se continuar como está, daqui a pouco, vai ter gente achando barato um Novo Gol G7 básico por 40 mil reais.

Comentários

  1. Acertou! Em 2017 o gol pelado custa R$40.000,00 e "popular" se tornou categoria de veículo, não um adjetivo. O povo como vos fala, verá apenas carros semi-novos e usados.

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